Economia QR CODE?
Tráfico de drogas já aceita PIX na Grande Vitória
Dinheiro vivo e cartão estão caindo em desuso
24/10/2023 13h12 Atualizada há 2 anos
Por: Redação
Vielas e ruas estreitas dos morros da capital facilitam o tráfico

A reportagem do Portal Rede de Notícias viu de perto parte da rotina dos traficantes de drogas que comandam o intenso movimento de venda no varejo de cocaina, maconha, haxixe, crack, K9 e outras substâncias ilícitas em dois morros da capital, Vitória. Nas duas bocas de fumo, os adolescentes que comandam o movimento já anunciam a novidade: agora o tráfico aceita PIX.

Por questão de segurança, o nome dos bairros onde ficam as bocas de fumo não serão identificados.

Nossa reportagem, a princípio, misturou-se às dezenas de usuários de drogas que sobem e descem os morros da capital a qualquer hora do dia ou da noite.

Após conquistar a confiança de adolescentes armados com submetralhadoras de fabricação artesanal e pistolas, a reportagem conseguiu conversar por alguns instantes com aqueles que estão na linha de frente do tráfico na capital: são eles os responsáveis pela venda dos entorpecentes e pela segurança do ponto onde o comércio frenético acontece.

A Boca

Valioso, o ponto de venda de drogas geralmente acaba numa rua sem saída, numa quadra de esportes do bairro ou em ladeiras tortas com residências e comércios precários e, sempre, com muitas escadarias que servem de rota de fuga em caso de invasão da Polícia Militar.

Do alto de uma casa é possível ver olheiros do tráfico com radiocomunicadores e algumas câmeras de circuito interno de TV. Não deu para saber se as câmeras, apontadas para o asfalto e escadarias do morro, estão realmente captando imagens que podem delatar a chegada de PMs armados.

Pedaço de maconha vendido na Grande Vitória 

No diálogo com os traficantes-adolescentes, o que se ouve é uma voz agitada, firme, como se quisessem impor um respeito negado pela pouca idade, mas com a autoridade de quem porta uma arma de fogo poderosa e uma mochila que vale mais que um carro zero quilômetro, tamanha a quantidade de drogas.

Aceita PIX

Um desses rapazes grita a novidade para quem chega: "Aceita PIX para facilitar a vida de todo mundo". De acordo com os traficantes, muitos compradores ainda têm receio de usar sua chave PIX para comprar a droga.

O medo é, claro, de ser rastreado pela inteligência da Polícia em caso de prisão de quem recebe os valores do tráfico.

Aliás, essa categoria, de laranjas que emprestam suas contas bancárias para o tráfico, tem crescido nas comunidades. São, em sua maioria trabalhadores que, para fazer um dinheiro extra, colocam seus CPFs a serviço do crime. Antes deles, eram os comerciantes que emprestavam suas maquininhas de cartão de crédito ou débito para reforçar o caixa do tráfico.

Com o incremento das transações eletrônicas instantâneas, o uso de cédulas de papel e cartões nas bocas de fumo tem caído segundo os adolescentes ouvidios pela reportagem.

"As pessoas ainda têm medo. Mas o uso do pix tem aumentado, principalmente entre os que vem aqui de carrão. Os mais pobres e noiados ainda usam dinheiro", afirma um deles. 

As drogas mais vendidas nos dois pontos de venda acompanhados pela reportagem são crack e maconha, seguidos de perto perto pela cocaina.  

Maconha pode ser comprada a partir de R$ 5,00, chegando a R$ 100, 00 pedaços que variam de peso, tamanho e qualidade conforme a boca de fumo.

As pedras de crack variam entre R$ 10 e R$ 20.  A cocaína comercializada em pinos varia de R$ 10,00 a R$ 100,00.

Para pagar no PIX basta abrir o aplicativo do banco e digitar o valor e o número da chave do recebedor/traficante. Em uma das bocas de fumo, já há QR Code disponível em um pedaço de papel.  Basta o usuário apontar a câmera do celular e pagar a sua compra. 

Ganhou o país

O Pix já é mais popular que todos os outros meios de pagamentos no Brasil. A ferramenta atingiu cerca de 170 milhões de transações em apenas um dia.Em apenas dois anos de operação, entre novembro de 2020 e dezembro de 2022, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de transações no Brasil.