A obesidade na adolescência é um grave fator de risco para o desenvolvimento de doença renal crônica nos primeiros anos da vida adulta.
É o que revelou um estudo feito por pesquisadores israelenses publicado no Journal of American Medical Association (Jama).
Após acompanharem 600 mil pacientes, os pesquisadores descobriram que um índice de massa corporal (IMC) alto está associado a até cinco vezes mais comprometimento dos rins ainda antes dos 30 anos.
Foram incluídos adolescentes e jovens com idades entre 16 e 20 anos sem doenças renais prévias. O acompanhamento começou ainda no ano 2000 e terminou apenas em 2020. Em uma média de 13 anos, quase 2 mil (0,3%) dos participantes desenvolveram doença renal crônica.
“Em adultos obesos, já se sabe que eles podem ter doenças crônicas agravadas pelo excesso de peso, e agora a pesquisa vem mostrar que isso pode começar a se desenvolver ainda na adolescência, o que torna a obesidade ainda mais preocupante”, avaliou o cirurgião do aparelho digestivo Gibran Sassine.
O médico apontou alguns fatores que podem associar o excesso de gordura corporal a problemas renais.
“Um dos fatores de risco é o padrão alimentar. Uma dieta inadequada, rica em açúcar, sódio, gordura e carboidratos contribui para o excesso de peso e, quando ocorre a obesidade, os rins precisam trabalhar de maneira mais intensa devido ao alto índice de massa corporal. E isso acaba sobrecarregando o órgão, provocando doenças renais”, explicou.
Sassine ressaltou que a obesidade é uma condição que favorece o surgimento ou o agravamento de diversas outras doenças, como as cardiovasculares, diabetes, hipertensão e diferentes tipos de câncer.
“Quando o excesso de peso se manifesta na infância e na adolescência, maiores são as chances de se ter uma série de doenças na fase adulta, sem falar nos impactos psicológicos que a obesidade traz”.
O cirurgião destacou, ainda, que sedentarismo e alimentação inadequada são os principais fatores de risco, e devem ser combatidos tanto para prevenir quanto para tratar a obesidade.
“Pais e responsáveis não devem normalizar obesidade nos filhos crianças e adolescentes. Existe tratamento e deve ser feito o quanto antes para que esse paciente não desenvolva outras patologias ao longo da vida”, recomendou o médico.