Saúde A Culpa é Dele
É o cérebro que nos obriga a comer açúcar e gordura, diz pesquisa
O cérebro estimula o estômago que, por sua vez, avisa ao cérebro que seria muito bom comer porcaria naquele momento
19/01/2024 10h23 Atualizada há 8 meses
Por: Redação
Foto Alexandre Damazio - Gordura é atrativo para o cérebro

Estudo publicado na revista Cell Metabolism revelou parte da intricada rede neural que leva ao desejo por alimentos com gordura e açúcar.

O resultado é alarmante: a combinação desses caminhos desencadeia uma vontade excessiva de comer além do habitual.

Mas porque o cérebro nos ordena a comer alimentos que, ele próprio sabe, são uma bomba para a saúde?

"Compreender por que as gorduras e os açúcares são particularmente atraentes tem sido um enigma. As células da boca são um fator-chave", enfatizou, em comunicado, Guillaume de Lartigue, líder da equipe de pesquisa.

Foto Alexandre Damazio  - Chocolate contém a mistura perfeita para o cérebro 

 

"Descobrimos que vias distintas do intestino-cérebro são recrutadas por gorduras e açúcares, explicando porque aquele bolinho de aipim frito  pode ser tão irresistível", brinca.

Para o trabalho, os cientistas utilizaram tecnologia de ponta a fim de manipular diretamente neurônios destinados à detecção de gorduras ou de açúcares no sistema nervoso vago, demonstrando que os dois tipos de neurônios causam liberação de dopamina no centro de recompensa do cérebro, em ratos.

Duas vias dedicadas ao nervo vago foram identificadas: uma para gorduras e outra para açúcares. Esses circuitos, originados no intestino, transmitem ao cérebro informações sobre o que é ingerido, preparando o terreno para os desejos.

Diogo Haddad, neurologista e coordenador do Núcleo de Memória do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, frisa que o nervo vago desempenha um papel significativo na comunicação entre o intestino e o cérebro, um fenômeno frequentemente referido como o eixo intestino-cérebro.

"Ele transmite informações sobre o estado de plenitude e os nutrientes presentes no trato gastrointestinal para o cérebro. Além disso, está relacionado na modulação do apetite e na saciedade por meio da liberação de vários neurotransmissores e hormônios, como a grelina e a colecistoquinina.", relata o pesquisador. 

A equipe antecipa que essa linha de pesquisa oferece esperança para o desenvolvimento futuro de estratégias e tratamentos antiobesidade.

A capacidade de direcionar e regular os circuitos de recompensa intestino-cérebro pode representar uma abordagem inovadora para reduzir hábitos alimentares pouco saudáveis.