O acúmulo desproporcional de gordura em algumas partes do corpo, como pernas, quadris, coxas e braços pode ser o diagnóstico de lipedema, doença crônica que afeta principalmente as mulheres.
Devido ao excesso de gordura, a condição é bastante confundida com obesidade, o que acaba dificultando o diagnóstico, retardando o início do tratamento e aumentando o risco da enfermidade atingir estágios mais avançados.
A cirurgiã plástica Patricia Lyra, do Instituto Lipedema, esclarece:
“No caso do lipedema, a gordura é inflamatória e localizada, diferente da obesidade, quando o sobrepeso se estende por todo o corpo. Geralmente, as pacientes relatam que se sentem com dois corpos, um da cintura para cima e outro nas partes inferiores”.
Segundo a médica endocrinologista Lusanere Cruz, especialista no tratamento de lipedema, o que difere a doença da obesidade são os sintomas e também o acúmulo desproporcional e simétrico em áreas específicas, como quadril, pernas e braços, poupando o tronco.
“A gordura acumulada em pacientes com lipedema provoca dores, sensibilidade, inchaços, exaustão e hematomas no corpo. Por isso, é muito importante estar atenta aos sinais do corpo, e se a mulher apresentar esses sintomas, é preciso buscar ajuda médica especializada para que seja feita uma investigação. E quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados e menores os riscos da doença atingir níveis mais graves”.
Por se tratar de uma doença crônica, a gordura acumulada causada pelo lipedema não é eliminada apenas com exercícios e dieta.
“É necessário um tratamento conservador e multidisciplinar com endocrinologista, angiologista, nutricionista, fisioterapeuta e educador físico. E, em alguns casos, com cirurgião plástico, quando há indicação de cirurgia para a retirada da gordura doente”, esclareceu a médica cirurgiã Patricia Lyra.
Mitos e verdades sobre o lipedema
Cirurgia é a única opção de tratamento
Mito. O tratamento inclui terapia de compressão, drenagem linfática, exercícios, medicações, acompanhamento nutricional e, em alguns casos, cirurgia.
Lipedema não tem cura.
Verdade. O problema tem tratamento, que evita a piora da doença, traz mais qualidade de vida para a paciente, ameniza e controla os sintomas e ajuda a diminuir o volume das pernas.
A doença afeta só pessoas obesas
Mito. O lipedema também pode afetar pessoas com peso ideal e até abaixo do ideal. O acúmulo de gordura na região afetada é que, muitas vezes, é confundido com obesidade.
A cirurgia é uma solução eficaz.
Verdade. A intervenção cirúrgica ajuda a interromper a progressão da doença e melhora a qualidade de vida, aliviando os sintomas e melhorando a aparência dos membros afetados.
Tratamento estético ajuda a eliminar a gordura do lipedema.
Mito. Tratamento estético não ajuda e muitos ainda podem agravar a doença. Portanto, a realização de procedimentos para fins estéticos em pacientes com lipedema é limitada e com indicações precisas.
Alimentação interfere no tratamento da doença.
Verdade. Um dos pilares do tratamento conservador do lipedema é uma dieta sau