Saúde Nem com Moderação
Estudo liga lesões cerebrais e Alzheimer ao consumo de álcool
Mais que 8 doses por semana podem indicar um risco 133% maior de desenvolver lesões cerebrais vasculares
20/04/2025 09h01 Atualizada há 4 meses
Por: Redação
Foto Alexandre Damazio - Compreender esses efeitos é crucial para a conscientização da saúde pública e para a implementação contínua de medidas preventivas para reduzir o consumo excessivo de álcool

De acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado recentemente na revista científica Neurology, consumir mais de oito bebidas alcoólicas por semana está associado a lesões cerebrais ligadas à doença de Alzheimer e ao declínio cognitivo.

Os pesquisadores analisaram dados de autópsia do Biobanco de Estudos do Envelhecimento da FMUSP, coletados entre 2004 e 2024. A equipe analisou dados de 1.781 pessoas com 50 anos ou mais no momento da morte. A idade média no momento da morte foi de 74,9 anos.

Também estavam disponíveis dados sobre função cognitiva e o consumo de álcool do falecido nos três meses anteriores à sua morte. Entre os participantes, 965 nunca beberam, 319 consumiram até sete doses por semana (consumo moderado) e 129 consumiram oito ou mais doses por semana (consumo excessivo). Outros 368 eram ex-bebedores pesados ​​que pararam de beber antes dos últimos três meses de vida.

Os resultados mostraram que aqueles que consumiam oito ou mais doses de álcool por semana tinham 133% mais chances de desenvolver um tipo de lesão cerebral vascular conhecida como arterioloesclerose hialina, que engrossa as paredes dos pequenos vasos sanguíneos no cérebro, impedindo o fluxo sanguíneo e causando danos cerebrais ao longo do tempo.

O problema se intensificou com o consumo de álcool: em comparação com os abstêmios, o risco de ex-bebedores pesados ​apresentarem essas lesões aumentou em 89%, e os bebedores moderados – definidos como até sete doses de álcool por semana – apresentaram probabilidade 60% maior.

Além disso, bebedores e ex-bebedores pesador tinham, respectivamente, 41% e 31% mais chances de desenvolver emaranhados neurofibrilares — aglomerados da proteína tau que se acumulam dentro dos neurônios cerebrais e foram associados à doença de Alzheimer.

Os tipos de lesões associadas ao consumo excessivo de álcool na pesquisa também estão ligados a problemas de longo prazo com memória e pensamento.

Além disso, “o consumo excessivo de álcool no passado foi associado à redução da massa cerebral e das capacidades cognitivas”, observam os autores. E o pior de tudo: bebedores pesados ​​morriam, em média, 13 anos antes do que seus pares abstêmios.