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Após invasão de cabras, Ilha de Trindade torna-se referência em recuperação de ecossistemas
Localizada na costa do Espírito Santo, a unidade de conservação recebeu um grupo de pesquisadores que constataram a recuperação da flora
10/07/2025 13h22 Atualizada há 18 horas
Por: Redação
Foto Internet

Uma medida simples, mas que significou a recuperação surpreendente  de um ecossistema litorâneo praticamente devastado.

A Retirada de cabras, animais introduzidos pelo homem na Ilha de Trindade, no litoral do Espírito Santo, representou a salvação do bioma, segundo um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros.

A ilha capixaba registrou, entre 1994 e 2024, aumento de 1.468,62% na área florestal (65,06 hectares novos) e de 319,45% nas áreas de pastagens (325,14 hectares novos).

O principal fator que provocou a mudança foi a remoção completa de uma espécie invasora em 2005: a cabra.

O animal foi introduzido na ilha ainda no século 18. Sem predadores naturais, a população aumentou rapidamente e as cabras começaram a se alimentar de quase todas as plantas disponíveis, o que causou danos severos e dificultou a sobrevivência das espécies nativas.

O estudo foi feito por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas do Museu Nacional/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O trabalho foi publicado no periódico internacional Journal of Vegetation Science, com o nome Da Perturbação à Recuperação: Desvendando o Papel das Cabras e dos Motores Ecológicos na Dinâmica da Vegetação da Ilha da Trindade, Atlântico Sul, Brasil.

“As ilhas merecem nossa atenção e cuidado por apresentarem ecossistemas delicados, nos quais muitas vezes encontramos espécies nativas que não são vistas em outros locais. Qualquer ameaça a esse equilíbrio pode levar à extinção de espécies únicas. Aqui estudamos especificamente a Ilha da Trindade, mas levantamos conhecimentos que vão muito além dela”, disse o professor Nílber Gonçalves da Silva, orientador da pesquisa, à assessoria do museu.

O estudo também foi conduzido pelos biólogos Felipe Zuñe, Márcia Gonçalves Rogério e Ruy José Válka Alves.

Os cientistas destacam que, apesar do impacto grande das cabras sobre a flora da ilha, os efeitos negativos foram intensificados por outras condições ambientais, como volume de chuvas.

Anos mais chuvosos coincidiram com a restauração acelerada em áreas florestais, quando as populações de cabras eram menores. Períodos mais secos aumentaram o impacto das cabras nas pastagens até 2004.

A conclusão é de que, para compreender completamente as mudanças na vegetação, é necessário considerar os elementos biológicos e ambientais em conjunto. Mesmo após danos ambientais sérios, a natureza tem potencial para se recuperar, se as causas forem compreendidas de forma mais abrangente e interracional. A partir daí podem ser tomadas medidas eficazes.

O trabalho sugere estratégias de restauração que incorporem práticas de manejo adaptativo, que levem em conta os impactos das espécies e mudanças nas condições climáticas.

“Isso é particularmente importante no contexto das mudanças climáticas globais, que podem alterar a dinâmica da recuperação da vegetação de maneiras ainda não totalmente compreendidas”, afirmam os pesquisadores.
Fonte https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2025-07/ilha-capixaba-aumenta-flora-nativa-e-e-modelo-de-restauracao-ambiental