Um misto de ignorância com desconhecimento, aliado ao avanço das seitas evangélicas no Brasil, fez disparar o número de adolescentes grávidas no país, que registra nada menos que 44 partos por hora, todos filhos de adolescentes, a maioria com 15 anos ou menos de idade.
Por dia, 1.043 adolescentes se tornam mães no Brasil. Por hora, são 44 bebês que nascem de mães adolescentes, sendo que dessas 44, duas tem idade entre 10 e 14 anos.
A internação de adolescentes para partos custou R$ 254,5 milhões ao sistema de saúde brasileiro entre 2022 e 2024, aponta estudo da Planisa e DRG Brasil com dados de 442 hospitais públicos e privados.
O levantamento, que analisou 633.705 altas hospitalares, mostra que partos em adolescentes de 12 a 18 anos representam 5,32% do total e registram crescimento: passaram de 4,66% em 2022 para 5,75% em 2024.
Os dados revelam maior incidência de complicações entre mães adolescentes. A taxa de sífilis atinge 3,36% das gestantes adolescentes, mais que o dobro das gestantes adultas (1,61%). Eventos adversos ocorrem em 21,63% dos casos com adolescentes, contra 13,38% em adultas. Já os eventos adversos graves chegam a 6,21% nas adolescentes, superando os 4,31% em adultas.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, mostram que 23,1% dos jovens de 14 a 29 anos abandonaram os estudos devido à gravidez.
Um levantamento do Ministério da Saúde de 2020 indica que 14% dos nascimentos no Brasil foram de mães até 19 anos. Entre essas mães adolescentes, 69% são negras ou pardas, e 66% das gestações não foram planejadas.
A face cruel dos dados mostra que boa parte destas adolescentes sofre violência sexual em casa. Há ainda o incentivo de pastores evangélicos para que essas meninas tenham filhos para fidelizar e perpetuar a frequência nos cultos, garantindo o dízimo diário que sustenta o luxo dos mercadores da fé.
A descrença no Sistema Único de Saúde, o abandono da escola, a falta de diálogo na família e o bolsonarismo, que incentivou a ignorância são apontados como fatores da epidemia de partos entres as meninas brasileiras.
Somos o 2º. país com as maiores taxas de gravidez na adolescência
O Brasil ocupa o 2º lugar entre países da América e Caribe em gravidez de adolescentes. São 66,5 bebês que nascem da barriga de 1000 meninas entre 14 e 19 anos, segundo dados da OPAS, Organização Pan-Americana de Saúde.
Os números - ou as meninas - estão concentrados nas periferias, bairros mais pobres e classes sociais que vivem na chamada vulnerabilidade social brasileira. Uma parcela pequena desta taxa está concentrada na classe média alta.
Em 2020, do total de nascidos vivos de mães indígenas, 28,2% foram de mães adolescentes. Entre as meninas pardas 16,7% se tornaram mães adolescentes e entre as pretas, 13%. Entre os nascidos de mães brancas, 9,2% eram mães adolescentes.