Sem ter mais onde fazer cortes no orçamento, pelo menos 61% dos endividados 'fazem rodízio' para escolher quais contas vão pagar, afirma Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e do Data Favela.
Renato revela que grande parte da população que está inadimplente adquiriu a dívida "com crédito concedido enquanto tinha renda formal" e que, agora, dispõem das mais diversas estratégias para conseguir pagar as necessidades básicas: "61% dos endividados têm o hábito de fazer rodízio de contas para escolher que compromissos poderão honrar".
Ele ainda lembra que os brasileiros que integram as classes D e E foram os que mais sofreram durante a pandemia.
"Nós estamos falando de uma parcela que tem a maior participação da sua renda reservada para alimentação. Nós todos sabemos que a inflação de alimentação liderou o crescimento inflacionário do Brasil nos últimos anos. Isso acaba com a ideia de que as pessoas estão inadimplentes porque são perdulárias.”
Para tentar ajudar essa multidão, o governo federal lançou o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas para pessoas físicas. Segundo o ministro Fernando Haddad, o programa pode beneficiar até 70 milhões de pessoas.
O programa só deve ter início em julho, segundo Haddad. O sucesso da medida depende da adesão de credores e devedores. A abertura do sistema para credores ocorrerá em julho, por razões "burocráticas".