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Mais de cem dias depois, como está a oposição de direita no Brasil?

Usar uma peruca loura para chamar a atenção virou coisa normal

26/04/2023 às 14h06 Atualizada em 26/04/2023 às 14h35
Por: Redação
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O que mais conta na ação legislativa desses novos quadros hoje é capacidade do político lacrar
O que mais conta na ação legislativa desses novos quadros hoje é capacidade do político lacrar

joaogualbertovasconcellos

A imprensa deu grande destaque à comemoração dos primeiros 100 dias do terceiro mandato do Presidente Lula.

Muito já foi dito e escrito sobre o fato. Não vou mais comentá-lo. Aliás, para mim, como já registrei inúmeras vezes, o fenômeno político que mais diferenciou a eleição de 2022 foi a emergência, pela primeira vez no Brasil, de uma espécie de nova direita.

Ela é fortemente marcada pelo pensamento de Olavo de Carvalho, pelo tradicionalismo político evangélico, pela presença militar nos partidos, entre outros elementos.  

Uma nova direita que polarizou com as esquerdas, sobretudo petista, a reta final das eleições de 2022. Eletrizada pelo tom forte do ex-presidente Bolsonaro, por sua inequívoca presença e liderança, no ano passado, foi eleita uma bancada federal conservadora muito expressiva.

Para ficarmos em dois exemplos no Espírito Santo, basta lembrar a surpreendente votação do deputado federal Gilvan da Federal e da eleição do senador Magno Malta batendo a veterana Rose de Freitas. Magno e Gilvan são do mesmo partido de Bolsonaro, o PL.

O fato é que foi constituída no Brasil uma direita amalgamada por valores ideológicos extremamente conservadores e uma pauta moral muito rigorosa. Pauta surpreendente para um pais moralmente tão plástico como o Brasil. Valores inclusive mais presentes nas narrativas do que no cotidiano dessa nova direita.

Mas, não importa, o fato concreto é que embalados por esse discurso musculoso, as direitas pretendem mudar a política e mudar o Brasil. Muitas vezes com propostas bastante autoritárias. Perdida a eleição presidencial, a realidade política levaria esses grupos políticos para a oposição. Seria agora a sua trincheira de lutas.

A força do legislativo eleito nessa nova onda estaria nas propostas que os seus políticos são capazes de fazer.

As entregas do legislativo são leis, suas normas, são regras. Propostas para fazer valer na sociedade um comportamento mais conservador, como foi prometido. Não é exatamente o que temos visto.

Ao invés disso, a vasta legião de influenciadores digitais que chegou ao congresso nacional dá ao seu dia a dia, um ar meio teatral. 100 dias depois o que temos visto?

O que mais conta na ação legislativa desses novos quadros hoje é capacidade do político lacrar, de falar uma frase desmoralizante, de deixar todos desconcertados. Usar uma peruca loura para chamar a atenção virou coisa normal. Nos velhos parlamentos brasileiros dos anos 1940 ou 1950, seria motivo suficiente para cassação. 

Fico, de longe, com a impressão de que a maior preocupação dos atuais membros do congresso é produzir imagens que vão chegar aos seus eleitores. Esses por sua vez tratam de compartilhar as postagens, para o prazer de alguns e o ódio de muitos. A chamada política espetáculo tomou conta de tudo. Não podemos negar que esse é um elemento do mundo em que estamos vivendo.

A dimensão áudio visual tomou chamou muita importância. A lógica temporal do tik tok dá o ritmo do tempo que estamos dispostos a gastar para nos informar. Quando essa dimensão ganha a produção parlamentar, o risco é não dermos densidade para propor as verdadeiras mudanças.

O que estou argumentando aqui, é que a extrema banalização das atividades parlamentares no Brasil, e isso nos 3 níveis do governo, fazem com que a oposição que a nova direita pretendia fazer ao governo Lula tenha pouca capacidade de produzir fatos políticos.

O velho centrão tende a tomar conta do espaço da articulação com suas conhecidas manobras e os parlamentares eleitos por suas performances nas novas mídias sejam de vida política passageira e pouco deixem de conteúdo.

Os 100 primeiros dias de oposição da nova direita, só me levam a refletir sobre a falta de consistência da bancada de influenciadores digitais e o crescimento inevitável da política tradicional.

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