Pesquisa de opinião do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) mostra a dimensão do problema.
Só 15% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmam que estão matriculados em alguma instituição de ensino, com diferenças consideráveis por região, faixa etária e renda.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com mais de 16 anos nas 27 Unidades da Federação, tendo uma amostra representativa da população brasileira.
Entre os que não estudam atualmente, apenas 38% alcançaram a escolaridade que desejavam e 57% não tiveram condições de continuar os estudos por diferentes motivos, sendo o principal deles precisar trabalhar para manter a família (47%).
Para 18% dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixarem de estudar é a gravidez ou nascimento de uma criança. A evasão escolar por gravidez/filho é maior também entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%) – o dobro da média nacional, de 7%.
“Não podemos ter um projeto de país, para o desenvolvimento social e econômico, sem considerar a Educação. Conhecer os motivos e o perfil dos jovens e adultos que interromperam os estudos, e consequentemente sua evolução profissional, é indispensável para criar oportunidades e reduzir desigualdades”, alerta o diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.
O Ensino Médio, que deveria ser a ponte entre a educação básica e o início da trajetória profissional, é, provavelmente, a etapa mais emblemática. Cerca de 1 em cada 10 alunos reprova (4,7%) ou abandona (4,2%) a escola no 1º ano. O índice de reprovação cai para 3% no 3º ano, mas o de abandono sobe para 4,7%. Os dados são referentes ao Censo Escolar 2021.
Em um país com 66,4 milhões de brasileiros com mais de 18 anos que não têm o ensino médio completo e não frequentam a escola, é contraproducente fechar os olhos para essas taxas, afirma Lucchesi. Até porque não demora para aparecerem os reflexos da formação incompleta: 25,8% dos jovens de 18 a 24 anos nem estudam nem trabalham (PNAD Contínua do 4º trimestre de 2022).
É um problema crônico, que deixa o Brasil na lanterna, como aponta a última edição do Education at a Glance, da OCDE: os nem-nem eram 35,9% dessa parcela da população em 2020, o que colocava o país como 2º com a maior proporção de jovens fora da sala de aula e do mercado de trabalho. A média dos países da OCDE era de 16,6%.
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