Após terminar o ano de 2022 com um vereador preso, outro cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e sem saber quem iria presidir a Casa em 2023, a Câmara de Vereadores de Vitória fez uma provocação ao governo e escolheu o delegado de Polícia, Leandro Piquet, como seu novo presidente.
Piquet é colega de profissão e amigo do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Ambos são adversários do governador Renato Casagrande (PSB), reeleito para o seu terceiro mandato.
A escolha de Piquet, então, seria uma derrota política de Casagrande que, neste domingo (1°), recebeu a faixa de governador pela terceira vez.
A escolha de Leandro Piquet veio depois que o vereador Armandinho Fontoura (Podemos) foi preso pela Polícia Federal (PF) acusado de incitar e apoiar atos antidemocráticos.
Ele tinha sido escolhido pela maioria dos parlamentares o próximo presidente da Câmara de Vitória e deveria ter tomado posse neste domingo.
Por meio de decisão online, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, proibiu que Armandinho tomasse posse e ainda ordenou que ele fique longe da presidência da Casa.
Piquet
O vereador Leandro Piquet (Republicanos) foi eleito por 12 votos dos 14 vereadores presentes na sessão extraordinária, convocada para a manhã desta segunda-feira (02). A vereadora Camila Valadão (Psol) votou contra e o ex-presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD), se absteve.
Piquet é delegado da Polícia Civil e vem da região da Praia do Canto, mesmo reduto eleitoral do vereador Armando Fontoura (Podemos), que foi preso no dia 15 de janeiro pela Polícia Federal numa operação que mirou suspeitos de atacarem os ministros do STF e a democracia, além de integrar uma milícia digital.
Em 2021 Leandro Piquet fez um vídeo em que acusa o Governador Renato Casagrande (PSB) e o Chefe da Polícia Civil, José Darci Arruda, de perseguição, forçando seu pedido de licença do cargo de delegado da polícia civil.
Piquet alega que foi transferido da delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD) na Praia do Canto, Vitória, seu reduto eleitoral, para o Plantão da Delegacia de Homicídios, que lhe impõe conflito de expediente com o cargo de vereador.
Isso o obriga a pedir licença do cargo de delegado, sem remuneração porque a Constituição somente permite a um vereador exercer dois cargos públicos, se houver compatibilidade de horários.
O ex-Vereador Zezito, por exemplo, exercia o mandato na Câmara de Vitória e ocupava um cargo público de segurança na Assembleia Legislativa, trabalhando e recebendo em ambos por não haver conflito de horários.
As acusações do vereador Piquet contra Casagrande e contra o chefe de polícia tipificam crimes de advocacia administrativa, abuso de autoridade e ato de improbidade administrativa. Leandro Piquet é aliado do Prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, adversário declarado de Renato Casagrande. O prefeito constantemente também alega perseguição e discriminação do governo estadual contra o município por conta dessas divergências políticas.
Pazolini chegou a acusar Casagrande de ter usado o cargo de governador para forçar o prefeito a aceitar a execução de obras na cidade só com empreiteiras "amigas do Palácio Amarelo do Centro de Vitória", em referencia à sede do governo, o Palácio Anchieta. O caso foi parar na Procuradoria Geral da República, que não comprovou as denúncias de Pazolini.
Mín. 18° Máx. 25°