A modernidade chegou também aos morros e bocas de fumo do Espírito Santo, que agora aceitam transferências eletrônicas via PIX na venda de drogas no Estado.
Em alguns pontos de venda de droga na Grande Vitória, mais de 70% do faturamento já é via PIX, deixando as cédulas de dinheiro em segundo plano.
De acordo com um dos adolescentes que desafia a Polícia e comercializa drogas na região de Gurigica, na capital, Vitória, "hoje só quem não tem celular, como moradores de rua e usuários mais idosos, não pagam com transferência eletrônica", afirma o menor em entrevista ao Portal Rede de Notícias.
Ainda de acordo com o aprendiz do tráfico, a grande demanda de quem consome drogas no Estado é de crack, a droga que devasta famílias inteiras e lota os presídios de negros e pobres.
A cocaina, vendida em pinos de R$ 10 a R$ 100, vem em segundo lugar, seguida da maconha e seus derivados, como pack, skunk e dry.
Já no Morro do Quadro, também em Vitória, os traficantes cobram R$ 5,00 a mais no valor total da droga como uma espécie de contribuição para quem empresta sua conta concorrente para receber e lavar o dinheiro ilícito.
Segundo o traficante L.D., que na verdade é um menino de 16 anos que vende droga na região do Quadro, o àgio cobrado dos usuários é uma forma de gerar renda para quem empresta a conta.
"Nem todos os que emprestam a conta PIX tem envolvimento. Pagamos uma taxa como uma quantia de "aluguel" do PIX ao cidadão, que tem CPF e endereço, por isso pode ser rastreado. Com o pró-labore entrando na conta dele, fica mais fácil convencer as pessoas a se arriscarem a emprestar o número", esclareceu o menor traficante.
Outra fonte do Portal Rede de Notícias, liderança do tráfico em Itararé, disse que o método eletrônico é mais seguro para a prática ilícita porque evita a perda de dinheiro em espécie. "Quando a polícia chega, perdemos a bolsa com a droga, mas não o faturamento daquele período", revela.
Para o especialista em Segurança, Carlos Dornelas, o empréstimo da conta PIX para o tráfico de drogas pode ser considerado associação para o tráfico, podendo levar quem emprestou a conta para cadeia.
Delivery
Em outro patamar, aquele onde estão drogados ricos do Estado, a droga é entregue em domicílio, geralmente em escritórios e consultórios no fim do expediente.
"Para eles a droga, em sua maioria, é sintética, como LSD, MD e metanfetaminas. Aí, além de mais cara, a droga vai com taxa de entrega maior. Dependendo da distância, cobramos até R$ 50 para a entrega com motoboy e pix.", finaliza nossa fonte do tráfico.
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