A novela Vale Tudo, exibida atualmente em horário nobre, vai trazer um novo drama: o personagem Afonso Roitman, vivido por Humberto Carrão, receberá o diagnóstico de leucemia, um cenário em que a ficção vai espelhar uma realidade que atinge milhares de brasileiros todos os anos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 11 mil novos casos de leucemia são registrados anualmente no país, representando um dos cânceres hematológicos mais incidentes.
Especialistas alertam que, embora seja uma doença grave, os avanços terapêuticos das últimas décadas mudaram radicalmente o prognóstico, transformando o que antes era quase uma sentença de morte em uma condição com chances reais de cura.
A leucemia é um câncer que afeta a medula óssea e compromete a produção de células sanguíneas saudáveis. A doença pode se manifestar em diferentes subtipos, como agudas ou crônicas, linfoides ou mieloides, cada uma com características próprias.
Os sinais de alerta, no entanto, costumam ser inespecíficos e confundidos com quadros comuns.
“Cansaço persistente, palidez, febre sem causa aparente, sangramentos e manchas roxas pelo corpo são sintomas que merecem investigação. Muitas vezes, a suspeita só vem após um exame de sangue de rotina”, explica o hematologista Douglas Stocco.
Doença pode afetar qualquer idade
Embora alguns subtipos sejam mais frequentes em crianças e jovens, como a leucemia linfoide aguda (LLA), outros, como a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia mieloide crônica (LMC), predominam em adultos e idosos.
“Vai ser importante ter uma obra grande, como uma novela, mostrando que a leucemia não é uma doença exclusiva da infância ou dos idosos. Ela pode acometer qualquer faixa etária e, por isso, a população precisa estar atenta aos sintomas, independentemente da idade”, destaca a hematologista Rayana Bomfim.
O tratamento da leucemia depende do tipo diagnosticado, mas pode incluir quimioterapia, imunoterapia, terapias-alvo e, em alguns casos, o transplante de medula óssea.
“A medicina avançou muito. Hoje, conseguimos oferecer sobrevida prolongada e até cura em uma parcela significativa dos pacientes. Em alguns subtipos, mais de 80% dos casos podem alcançar remissão completa, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente”, afirma Stocco.
“O transplante de medula segue sendo fundamental para alguns perfis de pacientes, mas já não é o único caminho. Os novos medicamentos, especialmente as terapias-alvo, permitiram controlar a doença de forma menos agressiva, com qualidade de vida muito melhor para o paciente”, complementa Bomfim.
Além do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento, a solidariedade é parte essencial dessa luta. No Brasil, mais de 5 milhões de pessoas estão cadastradas como doadoras de medula óssea no Registro Nacional de Doadores Voluntários (Redome). Ainda assim, encontrar um doador compatível é um desafio, pois as chances podem ser de apenas 1 em 100 mil.
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