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300 mil internações por tiros em 14 anos no Brasil

Dados revelam uma carnificina sob o terror das armas

02/11/2023 às 09h39 Atualizada em 02/11/2023 às 10h17
Por: Redação
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Numa verdadeira guerra urbana, o cidadão está na linha de tiro
Numa verdadeira guerra urbana, o cidadão está na linha de tiro

Mais de 300 mil pessoas foram internadas após serem atingidas por disparos de arma de fogo no Brasil entre 2008 e 2022.

Os dados são do Instituto Sou da Paz e apontam ainda que mais de 17 mil internações foram realizadas somente em  2022, auge das liberações de armas promovidas pelo governo Bolsonaro.

Homem, jovem e negro formam o perfil principal dos pacientes internados por esse tipo de agressão.

Só em 2022 o governo federal gastou nada menos que R$ 41 milhões do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações hospitalares de vítimas de armas de fogo. 

O valor médio de uma internação por agressão com arma de fogo em 2022 (R$ 2.391,00) é 59% maior do que o da agressão por outros meios.

O valor total das internações por agressão armada em 2022 é cerca de 2 vezes maior que o de agressões provocadas por força corporal e por arma branca

As agressões intencionais são a principal causa de internações decorrentes de ferimentos por arma de fogo e responderam por 75% dessas internações em 2022. Em seguida, vêm os acidentes (17%) e as lesões autoprovocadas (1,5%), restando 6,5% de casos em que a causa do ferimento não foi identificada.

Internações por arma de fogo dispararam no Brasil

Perfil dos pacientes internados: gênero, raça e juventude

Os homens representaram 89,6% das vítimas: ficam mais tempo internados, sua diária custa mais e sua taxa de mortalidade hospitalar é maior, o que possivelmente reflete a gravidade maior das lesões que os vitimam em comparação com as mulheres.

Jovens são mais vitimados, mas sua proporção entre os pacientes tem diminuído. Ainda assim, respondem por mais da metade das internações ao longo da série até 2022.

A violência armada vitima mais pessoas negras: em 2022, representaram 57% das internações e as vítimas não negras, 16%.

Chama atenção o retrocesso na qualidade da informação desde 2021, quando a proporção de registros sem identificação do perfil racial chegou a 32%, interrompendo a tendência de redução do dado ignorado sobre raça/cor observada ao longo da série. 

Além disso, a população negra permanece mais tempo internada, porém sua diária custa menos, o que pode refletir desigualdades em termos de acesso aos recursos de saúde, tais como procedimentos mais complexos cujo preço/custo de referência é mais elevado.

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