Este mês é dedicado à campanha do “Março Amarelo”, criada para promover a conscientização sobre a endometriose, doença ginecológica crônica que afeta entre 10 e 15% das mulheres em idade fértil.
A doença provoca cólicas intensas e incapacitantes, dores pélvicas e durante a relação sexual, além de um outro agravante que preocupa: a dificuldade de gestação. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a infertilidade atinge entre 30 e 50% das mulheres com endometriose.
A médica ginecologista Thaissa Tinoco, que atua no tratamento da endometriose, ressaltou que é fundamental estar atenta aos sintomas.
“Muitas mulheres passam anos sofrendo com essa doença porque normalizam suas dores. Quanto mais tardio for o diagnóstico, maiores as chances da paciente ter complicações em decorrência da doença, como a dificuldade de engravidar. Mas apesar do risco de infertilidade, muitas mulheres com endometriose conseguem gestar depois de serem submetidas ao tratamento adequado”, informou a médica.
A endometriose ainda não tem cura definitiva, mas com o tratamento especializado é possível amenizar os sintomas, combater a infertilidade (em boa parte dos casos) e proporcionar mais qualidade de vida à mulher.
Segundo Thaissa, o tratamento pode ser medicamentoso, hormonal ou cirúrgico, a depender do estágio da doença e dos sintomas relatados pela paciente.
“A endometriose pode se manifestar ainda na adolescência. Por isso, se a menina apresentar quadros de cólicas menstruais incapacitantes, é importante que ela seja levada ao ginecologista para que seja feita uma avaliação. Infelizmente, essas queixas muitas vezes são ignoradas porque muitas cresceram ouvindo que são ‘coisas de mulher’. Mas trata-se de uma doença difícil, dolorosa e precisa, sim, de tratamento”, finalizou a ginecologista.
Pesquisadores estudam novo medicamento para tratar endometriose
Uma equipe de investigadores da Escócia está desenvolvendo um ensaio clínico do primeiro tratamento não hormonal e não invasivo para a endometriose, doença ginecológica crônica que afeta entre 10 e 15% das mulheres em idade reprodutiva. Se aprovado, será o primeiro novo medicamento para a doença em 40 anos.
Neste mês, a endometriose ganha destaque em razão da campanha “Março Amarelo”, voltada para a conscientização da doença, que ocorre quando a mucosa que reveste a parede interna do útero, chamada endométrio, cresce em outras regiões do corpo.
Ao recolher amostras durante o diagnóstico, os pesquisadores descobriram que as pacientes apresentavam níveis elevados de uma substância química chamada lactato, levando-os a acreditar que esses níveis altos podem ser a causa para o desenvolvimento das lesões da endometriose. Então, procuraram um medicamento no mercado que já tivesse sido testado em doentes com câncer: o Dicloroacetato (DCA).
Numa primeira fase, testaram um pequeno grupo de doentes com o medicamento, e os relatos foram de melhorias após o tratamento. Agora, será feito um ensaio clínico com uma amostra de maior de pessoas, para saber se o DCA tem efetivamente os resultados esperados.
“Se for aprovado, esse medicamento desponta como uma esperança para muitas mulheres que sofrem de endometriose, que causa cólicas fortes e progressivas e dores durante a relação sexual”, destacou a médica ginecologista Thaissa Tinoco.
Segundo a médica, o diagnóstico tardio é outro fator que dificulta o tratamento da doença. “Pode demorar cerca de dez anos para ser diagnosticada. Isso se dá, muitas vezes, devido àquela tendência de normalizarem a dor. A falta de tratamento adequado pode levar a problemas mais graves, como infertilidade e outras complicações”, alertou Thaissa Tinoco.
A ginecologista orienta que é importante estar com exames em dia e também fazer consultas regulares ao ginecologista. “A suspeita sempre começa pelo ginecologista, a partir das queixas relatadas pelas pacientes. Dor não é coisa de mulher. Por isso, é fundamental não negligenciar os sintomas”.
Atividade física ajuda a reduzir as dores de endometriose, revela estudo
Um estudo realizado por médicos da Universidade do Cairo, no Egito, e da Universidade Beirut Arab, no Líbano, revelou que a prática de atividades físicas é uma aliada para reduzir os desconfortos provocados pela endometriose.
No estudo, participaram 20 mulheres com idades entre 26 e 32 anos que tinham endometriose. Elas realizaram exercícios de força três vezes por semana, mobilidade do quadril, alongamento e respiração.
Após quatro semanas e, em seguida, oito semanas, os pesquisadores observaram que as pacientes apresentaram melhora na dor, além de alterações posturais da pelve e do quadril causadas pela doença.
“A atividade física é um pilar fundamental para que o tratamento da endometriose seja bem-sucedido. Além de contribuir para reduzir as dores, ameniza outros sintomas da doença, como fadiga, ansiedade e distúrbios do sono. E de modo geral, a prática de exercícios ajuda a prevenir outras doenças graves, como câncer e problemas cardiovasculares”, explicou a médica ginecologista Thaissa Tinoco, que atua no tratamento da endometriose.
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