Recentemente o Portal Rede de Notícias veiculou reportagens mostrando agressões físicas e psicológicas contra alunos da rede pública de ensino de Brejetuba e Muniz Freire, no interior do Espírito Santo. Todas envolviam cuidadores, professores e estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma síndrome que atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil.
Uma pesquisa divulgada pelo levantamento “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, realizado pela empresa Genial Care, que entrevistou 2.247 brasileiros, mostrou que esses profissionais incumbidos de cuidar de pessoas com TEA estão em seu limite.
Dos 1.723 entrevistados que se identificaram como cuidadores de crianças autistas, 62% afirmaram contar com algum tipo de ajuda para enfrentar os desafios do TEA. No entanto, o estudo indica que, independentemente do estado civil, da renda mensal e do nível de escolaridade, há uma dificuldade persistente em descansar e cuidar de si mesmos após os turnos de trabalho.
De acordo com o estudo, o comportamento das crianças autistas é um dos grandes desafios enfrentados pelos cuidadores. Lidar com crises e comportamentos inesperados é uma prioridade, e 32% dos entrevistados expressaram o desejo de que as crianças conseguissem gerenciar momentos desafiantes sem recorrer à crises.
Diante deste desafio de não conseguir dar conta do trabalho, 68% dos cuidadores relataram dificuldade em encontrar tempo para cuidar de si mesmos, priorizando o bem-estar da criança em detrimento do próprio.
Até mesmo com uma rede de apoio, grande parte dos desafios ainda recai sobre os pais e cuidadores diretos. Dificuldades financeiras (73%) para custear tratamentos e insegurança em relação ao futuro a longo prazo da criança (79%) foram apontados como os principais obstáculos pelos cuidadores.
Segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) o número de casos de autismo cresce a cada ano no Brasil, mas não há estatísticas oficiais sobre o tema. Estima-se que há mais crianças autistas do que com câncer, diabetes, aids/hiv, síndrome de down e paralisia conjuntamente no Brasil.
A psicóloga Lívia Aureliano acrescenta ainda que algumas pesquisas no país, como na Universidade Presbiteriana Mackenzie, tem mostrado cientificamente fatores que podem contribuir para o crescimento nos casos de autismo, como poluição, fertilização in vitro e uso de algumas medicações.
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