Parece piada de mau gosto, mas Giovanni Rocco Neto, secretário Nacional de Apostas Esportivas, cargo estratégico criado no Ministério do Esporte para investigar manipulações nos resultados de jogos, foi nada menos que presidente da Associação em Defesa dos Jogos e Apostas, a Adeja.
Durante o período no comando da entidade, fundada em 2022, Rocco foi um dos principais lobistas em favor das empresas de apostas brasileiras, as chamadas bets.
A escolha de Rocco chama a atenção, considerando que ele agora deve liderar a supervisão e investigação de manipulações nos resultados esportivos – um problema que impacta diretamente a imagem e a própria operação das empresas que ele defendeu.
Fontes ligadas ao setor afirmaram que a função de Rocco Neto é especificamente sensível para os planos das bets brasileiras, já que casas de apostas menores costumam ser usadas para escândalos de manipulação e lavagem de dinheiro.
Durante a tramitação da lei que regulamentou as apostas esportivas no Brasil no Congresso, Rocco era figurinha carimbada, representando a Adeja. Ele foi expositor de uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados reforçando o discurso das bets.
A forte relação com entidades e empresas de apostas e loterias esportivas do país também ficou expressa na celebração à nomeação de Rocco. A Associação Nacional de Jogos e Loterias, a ANL, divulgou comunicado público ressaltando a relação do advogado com o setor privado.
Para cuidar das bets, além da pasta agora chefiada pelo lobista, o governo Lula ainda tem a Secretaria de Prêmios e Apostas no Ministério da Fazenda, sob o comando do advogado Regis Dudena, sem grande experiência ou feitos realizados no setor.
Enquanto o Ministério do Esporte se concentra no combate a fraudes e manipulações, a Fazenda tem funções de regulação econômica, fiscalização de tributos e combate à lavagem de dinheiro. As duas secretarias, segundo o governo, “atuarão de forma coordenada para garantir um ambiente de apostas esportivas ético e regulado”.
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