A anemia ferropriva é uma das condições de saúde que mais afetam a população brasileira.
Segundo o Ministério da Saúde, a condição chega a afetar até 30% da população em algum momento da vida e é mais comum em mulheres em idade reprodutiva.
O principal fator para isso é o ciclo menstrual intenso, com elevado fluxo de sangue, que muitas vezes pode não ser reposto adequadamente pelo organismo feminino.
Outros fatores que podem contribuir para o quadro são hemorragias nos órgãos do aparelho digestivo, cirurgias bariátricas, alimentação inadequada e dietas excessivamente restritivas.
“É sempre importante entender qual é a doença de base que causa a anemia por deficiência de ferro”, explica o hematologista Douglas Stocco.
“Normalmente, a anemia ferropriva não é uma doença em si, mas um sinal de que há algo de errado no organismo, ela é um sinal de alerta, que leva o médico a iniciar uma investigação”, analisa.
A anemia ferropriva é caracterizada pela redução da hemoglobina - pigmento que dá a cor vermelha ao sangue - nos glóbulos vermelhos.
O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo.
Quando ocorre a falta desse componente, o indivíduo pode apresentar sintomas como palidez, cansaço, palpitações e taquicardia.
“Os alimentos são as principais fontes de ferro e fornecem esse nutriente em duas formas distintas: o ferro heme e o ferro não heme. O ferro heme, presente principalmente nas carnes vermelhas, fígado de animais, aves, peixes e ovos, é absorvido de forma mais eficiente pelo organismo. Já o ferro não heme, encontrado em vegetais de folhas escuras - como espinafre, brócolis, couve e salsa - leguminosas - como feijão, lentilhas, grão-de-bico, ervilhas - e algumas frutas - como uvas, maçãs, nozes, amêndoas e castanhas - tem uma absorção menos eficaz”, destaca o médico.
Alguns grupos da população estão mais propensos a desenvolver anemia, condição caracterizada pela queda nos níveis de hemoglobina no sangue. Entre os mais vulneráveis estão mulheres em idade fértil, gestantes e lactantes, crianças e adolescentes em fase de crescimento, idosos com dietas restritivas, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, indivíduos com alimentação desbalanceada e portadores de doenças crônicas ou enfermidades que provocam sangramentos.
Em muitos casos, a anemia se apresenta de forma leve e silenciosa, sem qualquer sintoma perceptível, sendo descoberta apenas em exames de rotina. “Quando os níveis de hemoglobina ainda não estão tão comprometidos, sinais como fadiga e palpitações costumam surgir apenas durante atividades físicas. Já em quadros mais severos, os sintomas podem aparecer mesmo em repouso”, indica Stocco.
Diagnóstico e tratamento
Para o diagnóstico dos casos de anemia ferropriva, é importante que o médico faça um levantamento da história, avaliação clínica e dos hábitos alimentares, além da realização de exames laboratoriais (hemograma, sangue oculto nas fezes, por exemplo) e da imagem (ultrassom, endoscopia) para investigar a origem de possíveis perdas de sangue.
A primeira medida no tratamento da anemia ferropriva é determinar e corrigir a causa da deficiência de ferro. Uma vez constatada a carência, é importante recomendar uma dieta rica nesse nutriente e prescrever sulfato ferroso por via oral. Em alguns casos, o uso de medicamento por via endovenosa se faz necessário.
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