O câncer de intestino, também chamado de colorretal, é o terceiro tipo mais comum no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Estima-se que, apenas em 2023, tenham sido diagnosticados mais de 45 mil novos casos da doença no país. Tradicionalmente associado a pessoas acima dos 50 anos, o tumor vem chamando atenção da comunidade médica pelo crescimento entre pacientes mais jovens, fenômeno que ganhou visibilidade após o diagnóstico da cantora Preta Gil.
“Ainda não sabemos exatamente por que estamos observando esse aumento de incidência em pessoas mais jovens, mas fatores como alimentação inadequada, obesidade, sedentarismo e até mesmo o uso de álcool e cigarro podem estar relacionados”, explica a oncologista Juliana Alvarenga. Ela destaca que, apesar da maior exposição ao tema nos últimos anos, a maioria dos diagnósticos ainda ocorre em estágios avançados, quando o tratamento se torna mais complexo.
O Setembro Verde, campanha de conscientização sobre o câncer intestinal, tem como objetivo principal reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Exames como a colonoscopia permitem identificar lesões precursoras - os pólipos - antes que evoluam para tumores. “Trata-se de um exame que salva vidas, porque possibilita a remoção dessas alterações de forma simples e evita o desenvolvimento da doença”, enfatiza Juliana.
Entre os sintomas que merecem atenção estão a presença de sangue nas fezes, alterações persistentes no hábito intestinal, como diarreia ou prisão de ventre sem causa aparente, dor abdominal e perda de peso inexplicada.
A médica ressalta que nem sempre esses sinais estão ligados ao câncer, mas devem ser investigados com seriedade. “É um erro comum subestimar os sintomas, especialmente em pacientes jovens. O caso da Preta Gil reforçou a necessidade de que esse olhar preventivo se estenda a todas as faixas etárias”, aponta.
Embora a idade continue sendo um fator de risco relevante, a mudança no perfil dos pacientes acende um alerta global. Já existe recomendação para que a colonoscopia, como exame de rastreio, seja realizada em pacientes a partir dos 45 anos, e não aos 50, como era preconizado anteriormente. “Essa é uma mudança debate importante, pois os números sugerem que precisamos adaptar nossas políticas de prevenção à realidade atual”, observa Juliana Alvarenga.
A oncologista lembra que cerca de 30% dos casos de câncer intestinal poderiam ser evitados com mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta rica em fibras, prática regular de atividade física, redução do consumo de carne vermelha e processados, além da manutenção do peso saudável.
Normalmente, o diagnóstico da doença se dá por meio de biópsia de um pequeno pedaço do tecido intestinal.
"Confirmada a doença, o tratamento frequentemente envolve cirurgia para retirada do tumor e, a depender do tipo, do tamanho e da localização, é complementado com quimio ou radioterapia. É importante frisar, no entanto, que, quando descoberto em estágios avançados, com metástases para outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Por isso é tão importante fazer o rastreio e ter atenção aos sintomas", finaliza a médica.
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