A campanha Abril Lilás mobiliza instituições de saúde e a sociedade civil para conscientizar a população masculina sobre o câncer de testículo, uma doença que, apesar de ser relativamente rara, tem maior incidência entre homens com idade entre 15 e 50 anos, no auge de sua idade reprodutiva.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), quando identificado precocemente, o câncer de testículo tem índice de cura superior a 95%. Além disso, muitos pacientes conseguem manter a fertilidade e a vida sexual saudável após o tratamento, especialmente com suporte médico adequado.
"Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de testículo representa apenas cerca de 1% dos tumores malignos entre os homens em geral. No entanto, a letalidade da doença está diretamente associada ao diagnóstico tardio", explica a oncologista Juliana Alvarenga.
Em 2021, de acordo com o instituto, 439 homens morreram em decorrência do câncer de testículo no Brasil, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer do Ministério da Saúde. Entre 2012 e 2021, o país registrou mais de 3.700 mortes provocadas pela doença, com uma projeção de aumento de quase 27% nos próximos anos, caso as taxas de detecção precoce não melhorem.
Apesar do avanço nos tratamentos, o tabu em torno da saúde íntima masculina ainda é um grande obstáculo. Por isso, o autoexame testicular é um dos principais aliados na detecção precoce. A recomendação é que os homens realizem o autoexame mensalmente, preferencialmente durante ou após o banho, quando o escroto está mais relaxado. Alterações como nódulos, inchaços, endurecimento ou dor devem servir de alerta.
"Ainda é muito comum que os homens só procurem ajuda médica quando os sintomas estão avançados, o que compromete as chances de cura. Nosso desafio é estimular o autocuidado e naturalizar o diálogo sobre saúde masculina", destaca a médica.
Outros sinais que merecem atenção incluem aumento do volume escrotal, sensação de peso na bolsa testicular e, em casos mais avançados, dor abdominal, dor lombar e até sintomas respiratórios, caso haja metástase pulmonar.
O diagnóstico é realizado por meio de exames clínicos, ultrassonografia escrotal e marcadores tumorais no sangue. Em caso de confirmação da doença, o tratamento padrão envolve a orquiectomia – cirurgia de remoção do testículo afetado. Em estágios mais avançados, podem ser indicadas quimioterapia, radioterapia ou cirurgia para retirada de linfonodos retroperitoneais.
"Mesmo nos casos em que o câncer já se espalhou, o tratamento pode ser muito eficaz. A boa notícia é que essa é uma das neoplasias com maior chance de cura, desde que tratada adequadamente", afirma Alvarenga.
A campanha Abril Lilás destaca ainda a importância da consulta regular ao urologista, principalmente para homens com fatores de risco como histórico familiar da doença, infertilidade, criptorquidia (testículo que não desceu) e exposição a substâncias tóxicas.
"A informação ainda é a melhor forma de prevenção. O Abril Lilás é uma oportunidade para os homens refletirem sobre seus hábitos e entenderem que cuidar da saúde não diminui sua masculinidade — ao contrário, fortalece a vida em todos os aspectos", finaliza a oncologista.
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