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Do ordinário ao poético: Samira Pavesi transforma o cotidiano em arte e leva o Espírito Santo ao Norte de Minas

Capixaba com trajetória internacional, artista apresenta em Montes Claros (MG) obras que emergem dos restos urbanos e tensionam os limites entre o visível e o esquecido

17/06/2025 às 15h18 Atualizada em 17/06/2025 às 15h31
Por: Redação
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Foto Divulgação
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Os amantes da arte de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, têm a oportunidade de visitar a exposição “O que brota do comum”, que reúne obras das artistas Samira Pavesi, do Espírito Santo, e Denise Calasans, do Rio de Janeiro, no Museu Regional do Norte de Minas (MRNM).

Com curadoria da pesquisadora e crítica Gabriela Davies, a mostra propõe uma travessia poética pelo banal, pelo que escapa ao olhar apressado, pelas formas silenciosas que insistem em se manifestar nos interstícios da vida cotidiana.

Obra da artista interage com o público em forma e cor

O trabalho de Samira Pavesi é exemplar nesse sentido. Ao utilizar materiais recolhidos no espaço urbano — grades, pedaços de madeira, telas metálicas, sobras da construção civil, plásticos de sinalização —, ela compõe esculturas e assemblages que provocam um duplo deslocamento: primeiro, do objeto que perde sua função original; depois, do olhar do espectador, que é convidado a reconstruir sentidos a partir do fragmento, do vestígio, do inacabado.

Como aponta a curadora, “há, em sua produção, uma arqueologia do agora”, na qual o gesto artístico não busca reviver o passado, mas reencantar o presente com as sobras da cidade.

A exposição marca mais um momento importante na trajetória da artista, que tem se consolidado no circuito contemporâneo brasileiro e internacional.

Em 2025, Samira participou de uma coletiva em São Paulo, expôs em Florianópolis, foi selecionada para residências artísticas em Portugal (NOWHERE e PADA Studios), Espanha e apresentou trabalhos na França. Essas experiências reforçam o alcance de sua pesquisa estética e ética, centrada na escuta dos materiais e na reconstrução de afetos a partir daquilo que o mundo costuma descartar.

Sua presença em Montes Claros, no entanto, carrega uma densidade simbólica. A escolha por um museu regional do interior mineiro — em vez dos habituais espaços de arte das grandes capitais — revela uma aposta na descentralização da arte contemporânea e na potência do diálogo entre territórios.

“A exposição é um convite à desaceleração e à escuta sensível do entorno”, afirma Gabriela Davies. E esse entorno, aqui, ganha contornos múltiplos: o das ruas da cidade, o dos materiais ressignificados, o das experiências subjetivas e o do interior geográfico e simbólico do Brasil.

Ao lado de Denise Calasans, cuja pintura é marcada por gestos abstratos e orgânicos que evocam respiração, silêncio e suspensão, Samira estabelece uma conversa entre o urbano e o sensível, entre a dureza dos materiais e a suavidade das pequenas revelações que surgem da observação atenta. Para o diretor do MRNM, Georgino Jorge de Souza Neto, a mostra é um exemplo de como a arte pode revelar “o mundo que se apresenta no universo das suas pequenezas”. Segundo ele, *“O que brota do comum” é o extraordinário!”.

Outro aspecto relevante da obra de Samira é o seu compromisso com a sustentabilidade.

Ao reutilizar materiais descartados, ela propõe não apenas um reaproveitamento ecológico, mas também simbólico: seus trabalhos são como ruínas contemporâneas que, em vez de lamentar a perda, afirmam a potência do que permanece.

São registros do tempo urbano convertidos em poesia visual — ressignificações que desafiam a lógica do consumo e do descarte acelerado, sem abrir mão da sofisticação estética.

A presença de Samira Pavesi no MRNM é também um marco para a visibilidade da arte capixaba no circuito nacional. Vinda de um estado cuja produção artística ainda enfrenta desafios de reconhecimento além de suas fronteiras, a artista se destaca por uma obra que alia rigor conceitual, apuro formal e uma sensível escuta do mundo à sua volta.

Nesse caminho, ela contribui não apenas para sua trajetória individual, mas para o fortalecimento de uma cena artística mais plural, diversa e enraizada nos territórios.

A exposição “O que brota do comum” fica em cartaz até o dia 6 de julho, com entrada gratuita. A abertura, no dia 13 de junho foi às 17h, e contou com a presença das artistas e da curadora. Em seguida, você confere uma entrevista exclusiva com Samira Pavesi, que fala sobre sua obra, sua trajetória e os sentidos que emergem quando se olha com atenção para aquilo que o mundo geralmente ignora.

SERVIÇO

Exposição: O que brota do comum

Artistas: Samira Pavesi (ES) e Denise Calasans (RJ)

Curadoria: Gabriela Davies

Período de visitação: até 06/07

Horário: Segunda a sexta, das 8h às 18h

Entrada: Gratuita

Local: Museu Regional do Norte de Minas – Rua Cel. Celestino, 75 – Centro, Montes Claros/MG

Produção: Luana Z.

Atelizê Produção Cultural

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