Perdoar não pode ser visto como um ato banal, algo que se faça rotineiramente. Perdoar é extraordinário, pois ultrapassa o perdoado e faz bem a quem perdoa.
Essa é a tese do psicanalista, filósofo e professor da PUC-MG, René Dentz, que se dedica há anos a entender o tema do Perdão. Ele lança agora o livro “Razões do perdão” (Ideias e Letras).
Segundo ele, o perdão não pode ser visto como um gesto banal, mas como algo extraordinário, que exige maturidade psicológica, espiritual e existencial.
Tanto esforço compensa. Individualmente, o perdão traz liberdade. Coletivamente, é o avanço civilizatório.
Ainda segundo o escritor, possível e impossível, o perdão é um gesto cheio de paradoxos que demanda tempo e esforço diferentes dependendo de muitas variáveis.
Na obra, Dentz esmiúça o perdão e analisa os componentes e contextos do ato de perdoar e destaca como fica essa virtude na era dos algoritmos e da hiperconexão. “O perdão é um tema que instiga e intriga. Perdoar não é uma obrigação, pois não passa por uma relação lógica e nem sempre racional. É um dos eventos humanos que podem superar a nossa racionalidade”, reflete o autor.
O tema é polêmico, mas também controverso. Simplesmente não há resposta concreta para entender porque perdoamos ou não perdoamos alguém.
Ou as fases do processo que cada ser humano vive para chegar ao perdão. De tão complexo, o assunto mereceu o estudo do psicanalista que há anos se dedica a entender e aprofundar o ato de perdoar a partir de uma visão da psicanálise, da filosofia e da teologia.
O texto, dividido em 26 capítulos e 119 páginas, explica que, normalmente, o perdão, está associado à espiritualidade, principalmente, pela forma que o Cristianismo o apresentou e que se tornou base para a nossa cultura, para a “cultura da paz, da não-violência, da reconciliação e da possibilidade de sair de um círculo de ódio e vingança”.
Mín. 16° Máx. 24°