Nunca se roubou tanta arma de civis no Brasil quanto em 2022. Dados do Comando do Exército mostram que o número de armamentos desviados de caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs, cresceu durante o governo de Jair Bolsonaro e foi recorde no último ano da gestão: pelo menos 1.215 armas foram furtadas, roubadas, extraviadas ou perdidas — mais de três por dia.
No primeiro ano de governo, 750 armas adquiridas legalmente chegaram às mãos erradas. Em 2020, 634; e em 2021, 872. Os números indicam que a flexibilização promovida pelo governo Bolsonaro, além de facilitar a posse para cidadãos comuns, acabou fortalecendo o mercado do crime. Em 2015, por exemplo, durante o governo de Dilma Rousseff, apenas 382 armas foram desviadas.
Especialistas avaliam que o crime organizado mudou a sua dinâmica em razão dessa flexibilização descontrolada promovida por Bolsonaro e deixou de buscar armas exclusivamente por meio do tráfico internacional.
Como prometido durante a campanha, uma das primeiras medidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi revogar essas medidas — o novo limite é de três armas por CAC.
Logo após a posse, o petista também suspendeu novos registros de CACs, de clubes e escolas de tiro. O decreto ainda determina que todas as armas compradas desde maio de 2019 sejam recadastradas pelos proprietários em até 60 dias.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que haverá um recenseamento geral de armas existentes no Brasil, visando “separar o joio do trigo”. Também foi criado um grupo de trabalho para apresentar nova regulamentação ao Estatuto do Desarmamento.
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