Com mais de 35 milhões de operações, o envio de PIX no valor de R$ 0,1 (um centavo) virou moda entre pessoas que mantêm relecionamentos com um parceiro comprometido.
Funciona assim: quando o amante está em dúvida se pode ligar para a pessoa amada sem o risco da esposa, marido ou namorado(a) estar por perto, ou mesmo para confirmar um econtro romântico, envia-se um PIX de baixo valor. A resposta depende do amante do outro lado da linha.
Caso o parceiro ou parceira oficial não esteja por perto, é só mandar a confirmação do encontro com uma mensagem simples ou mesmo ligar do celular para a(o) amante.
Mas por que um PIX? de acordo com o advogado Marcelo Cunha Machado, com a quantidade de envios errados de transações eletrônicas via PIX, não é difícil para o conjuge dizer que o recebimento foi um engano, um depósito errado e sem importância. "Legalmente, o depósito teria pouca validade em caso de algum litígio de separação", explica.
A transferência via PIX de 1 centavo também tem sido usada para paquera e até mesmo em pedidos para reatar namoro desfeito. A consultora em relacionamentos Ingride Barcelos conta que agora a moda é conseguir o número do celular da pessoa desejada e, caso este coincida com a conta PIX do objeto do desejo, o paquerador envia um valor simbólico para puxar assunto.
Mas por que não enviar uma mensagem direta dizendo "Oi, sou tal pessoa e gostaria de conversar contigo?" Segundo a Ingride Barcelos, os motivos são vários.
"Medo da rejeição, timidez, medo da pessoa ser comprometida. Isso tudo é levado em consideração na hora de enviar o PIX de R$ 1 centavo. Dessa forma, a pessoa que recebe o PIX que fica com a responsabilidade de escolher o que vai fazer: ignorar, saber quem é a outra pessoa ou mesmo bloquear quem enviou. É uma estratégia que poder dar certo ou não. Caso dê errado, o valor que se perde é mínimo", explica.
Em caso de brigas, quando o parceiro acaba bloqueando o outro no WhatsApp, o PIX de 1 centavo serve como um pedido de desbloqueio, uma bandeira branca de paz e busca do diálogo.
Mas nem tudo são flores e romatismo. O envio de PIX tem sido usado também para assédio sexual, importunação e quebra de medidas protetivas.
Um exemplo é o de um soldado da Aeronáutica, que acabou preso. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o homem passou a fazer transações financeiras de centavos para a conta da ex-namorada, por meio de Pix, inserindo no texto da transação xingamentos e ameaças.
"Desta forma, em casos como esse, é importante que o BC tome medidas para regular e evitar usos inadequados desse tipo de transferência", alerta o advogado Marcelo Machado.
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