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Já faltam ovos em vários países. O que está havendo?

E no ES?

27/01/2023 às 09h22 Atualizada em 27/01/2023 às 10h08
Por: Redação
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Países estão enfrentando neste início de ano uma escassez global de ovos de galinha.
Países estão enfrentando neste início de ano uma escassez global de ovos de galinha.

Consumidores de países como Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Nova Zelândia estão enfrentando neste início de ano uma escassez global de ovos de galinha. 

Nos Estados Unidos, a falta de ovos se deve principalmente a um surto de gripe aviária; Na Europa, a oferta de ovos vem sendo afetada, além da gripe aviária, pela alta dos custos de grãos e energia elétrica em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia; Na Nova Zelândia, um processo gradual de zerar a criação de aves poedeiras em gaiolas que começou em 2012 tinha como limite 1º de janeiro de 2023.

A mudança na legislação elevou os custos de produção e o aumento da demanda não acompanhou a novidade. Com a alta dos preços nos Estados Unidos, autoridades vêm aumentando as apreensões de ovos contrabandeados na fronteira com o México. 

No Brasil, pode faltar ovo?

Não existe o problema da gripe aviária no território nacional, portanto, não devem faltar ovos para os consumidores brasileiros. O que pode acontecer, no entanto, é a manutenção de preços elevados devido a uma produção menor prevista para 2023.

A falta de chuvas em 2020 fez com que a safra do milho fosse 16% menor do que no período anterior, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), elevando fortemente o preço dos grãos no país.

Isso explica a queda na produção de ovos no Brasil em 2022, que deverá se manter neste ano. Inflação. Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o ovo de galinha subiu 18,45% em 2022.

Já de acordo com uma pesquisa da cesta básica realizada pelo Procon-SP em convênio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em dezembro de 2022 a dúzia de ovos custou em média R$ 10,63 na cidade de São Paulo. Um ano antes o valor registrado foi R$ 8,26.

Espírito Santo

A cidade de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, ficou conhecida como a capital do ovo, após se tornar a maior produtora do Brasil. No município, que já foi famoso pelo plantio de café, a avicultura é aproveitada desde os ovos ao esterco das galinhas, usado como adubo.

A produção de ovos na região começou há cerca de 60 anos, com Erasmo Berger. Após voltar de um período no Rio de Janeiro, ele trouxe 550 pintinhos. Para garantir o bem-estar dos filhotes, Berger dormia com as aves.

Na região, o nicho era novidade e criou polêmica entre os vizinhos, que falavam que Berger "quebraria" o pai dele. Mas a realidade foi diferente, a produção foi crescendo e em 1964, 2 anos depois, uma cooperativa foi criada.
 
Hoje, a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) conta com mais de 100 associados apenas na área de galinhas de postura. Os criadores conseguem descontos para comprar os pintinhos e insumos e têm garantia de comercialização do que foi produzido.

Além disso, a estrutura rústica foi ganhando investimento em tecnologia ao longo dos anos. Atualmente, a granja de Berger tem 2 milhões de aves que produzem 1,6 milhão de ovos por dia.

Paixão contagiante
 
A paixão de Berger conseguiu conquistar outros produtores rurais da região, que hoje tem 16 milhões de galinhas poedeiras. As aves ganharam uma homenagem na entrada da cidade: uma escultura de galinha gigante.

Em Santa Maria de Jetibá, até o esterco tem utilidade. O município produz quase 40 mil toneladas por mês.

A matéria-prima vai para um galpão, onde recebe ingredientes que ajudam na sua compostagem, como casca de ovos. Depois de 15 dias, o resultado é um adubo de qualidade, vendido para agricultores de todo o estado.

Já os ovos abastecem o Espírito Santo e também vão para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e partes do Nordeste. O estado responde por quase 10% de toda a produção brasileira de ovo.

No município, a agropecuária representa cerca de 50% da arrecadação, dos quais 60% têm origem na avicultura. A produção de ovos gera 9 mil empregos diretos no município.

Desistindo das galinhas
 
Apesar do crescimento do setor na região, os criadores também enfrentam dificuldades. O Espírito Santo não consegue produzir grãos suficientes para compor a ração dos animais. Quase todos os cereais usados no município são comprados no Centro-Oeste brasileiro.

O milho e a soja, principais insumos para a alimentação das aves, teve alta. Segundo Nélio Hand, presidente da Associação dos Agricultores, houve uma elevação de mais de 110% dos gastos com milho durante a pandemia.

Os altos custos de produção fizeram que alguns criadores desistissem do setor. Santa Maria de Jetibá tem hoje 120 granjas, no ano passado o número era de 146.

 

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