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Brasil Gordura e sal

Para economizar, brasileiros trocam almoço por coxinha

Salgadeiras faturam

08/03/2023 11h07
Por: Redação
Gordura e sal demais
Gordura e sal demais

A salgadeira Anaflor Lages resolveu empreender na fabricação de salgados em pequena escala, para vender aos vizinhos, em São Torquato, em Vila Velha. O negócio deu certo e Anaflor passou de 20 salgados por dia, para dois mil. Agora ela atende lanchonetes, bares e até mesmo vendedores que comercializam a delícia dentro de ônibus, terminais e repartições públicas. 

"Notei que houve aumento de alguns meses para cá nas encomendas. Muita gente parece que está substituindo o arroz, o feijão e a salada pelo salgadinho, que é mesmo muito gostoso, mas que não pode substituir as refeições", aconselha. 

O capixaba está acompanhando uma tendência nacional, que aponta para milhões de brasileiros que trocaram o prato feito pelos salgados nas refeições feitas fora de casa. O movimento depois da pandemia foi detectado pela consultoria Kantar, que monitora o consumo de alimentos e bebidas em sete regiões metropolitanas do País.

No ano passado, os brasileiros que vivem nessas áreas consumiram 170 milhões a mais de salgados prontos, como quibe, coxinha, pão de queijo, pastel, por exemplo, em relação a 2019. Em contrapartida, o consumo de refeições, com arroz, feijão, carne, por exemplo, diminuiu em 247 milhões de unidades na mesma base de comparação.

Para chegar ao número de unidades, que expurga o efeito da inflação, a consultoria monitorou diariamente, por meio de aplicativo, o consumo de alimentos e bebidas fora de casa de 4 mil adultos. Eles representam o comportamento de 48 milhões de pessoas que vivem em São Paulo, Rio, Recife, Salvador, Fortaleza, Curitiba e Porto Alegre.

A troca da refeição pelo salgado foi puxada pelas classes de menor renda (C, D e E), que registram aumentos nos preços do prato feito por causa da alta das commodities, como arroz, feijão, carnes e óleo - ingredientes básicos dessas refeições.

Por outra métrica, o estudo da Consumer Insights mostra que os salgados prontos respondiam em 2019 por 11% do total de unidades de alimentos e bebidas consumidas fora de casa. Em 2022, essa fatia subiu para 15%. Em igual período, a participação das refeições encolheu de 7% para 4%.

“O salgado pronto ganhou tanto destaque que se tornou no ano passado o segundo alimento mais consumido fora de casa e o alimento salgado mais consumido”, afirma Hudson Romano, gerente sênior de Consumo Fora do Lar e responsável pela pesquisa.

Em 2019, o salgado ocupava a quarta posição entre os alimentos mais consumidos fora de casa, mas subiu para a segunda colocação em 2022, passando à frente de sanduíches e pizzas, perdendo apenas para os snacks doces que continuaram na liderança nos dois períodos analisados. O salgado pronto e o salgadinho de pacote foram os únicos alimentos fora de casa cujo consumo aumentou no período, com alta de 18% e 4% nos volumes respectivamente. A quantidade consumida de refeições caiu 43%.

O motivo do recuo e da troca da refeição pelo salgado foi, segundo Romano, a inflação. Enquanto o preço da refeição aumentou 21% entre 2019 e 2022, segundo pesquisa da consultoria, o valor do salgado teve alta de 10%.

“Como o salário médio não cresceu na mesma velocidade de outros custos da alimentação fora de casa, que foram muito fortes, o bolso ficou mais apertado”, afirma o consultor. Uma das saída foi deixar de comer pratos com a mesma frequência e colocar os salgados como opção. “Isso não quer dizer que o brasileiro tenha abandonado o restaurante. Mas, se antes comia pratos (prontos) três vezes na semana, agora diminuiu para duas, porque o dinheiro não dá”, explica.

 Classes de menor renda foram as responsáveis pelo movimento

A troca da refeição pelo salgado foi puxada pelas classes de menor renda (C, D e E), que registram aumentos nos preços do prato feito por causa da alta das commodities, como arroz, feijão, carnes e óleo - ingredientes básicos dessas refeições. No período analisado, o preço médio da refeição fora de casa cresceu 36% para as classes D e E; 24% para classe C; e recuou para classes A e B, que geralmente inclui outros ingredientes, aponta o estudo.

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