No último domingo, 19, o Brasil registrou a maior temperatura da história: 44,8 ºC, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O calor recorde foi medido em Araçuaí (MG), município com pouco mais de 34 mil habitantes, a 678 quilômetros de distância de Belo Horizonte.
O recorde se espalhou pelo país durante a semana do dia 12 de novembro, fazendo o brasileiro enfrentar uma forte onda de calor. Os termômetros em São Paulo marcaram uma máxima de 37,7º, a maior temperatura desde 1943. Já a sensação térmica em lugares como o Rio de Janeiro chegou a bater 58,5º durante a manhã desta terça-feira, 21.
Segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), em estudo liderado pelo pesquisador do Inpe, Lincoln Alves, três fenômenos climáticos extremos vêm ocorrendo no Brasil: dias consecutivos secos, precipitação máxima de 5 dias e as ondas de calor.
Define-se uma onda de calor quando a temperatura máxima fica pelo menos 10% acima do limiar do que é considerado extremo por um período de pelo menos seis dias seguidos.
Os pesquisadores dividiram essas análises em intervalos de 10 anos. Nos casos das ondas de calor, foi registrado um aumento nas incidências dessas anomalias durante os últimos 30 anos por todo o território nacional, com exceção da região Sul do país, além da porção sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso.
O aumento do número de dias de calorão foi sucessivo ao longo dos anos. Durante o período de referência utilizado para análise, entre os anos de 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor em torno de sete. Mas esse número foi subindo. Entre 1991 e 2000, chegamos a ter 20 dias com ondas de calor por ano.
No intervalo de 2001 até 2010 chegou à casa dos 40, e de 2011 para 2020 atingiu a marca de 52 dias no ano com ondas de calor. Já o número de dias secos consecutivos subiu de 80 para 100 em média, na área central e no Nordeste do país. Já no que diz respeito ao aumento de chuvas, a mais afetada foi a região Sul. A precipitação máxima de 5 dias passou de 140mm para 160mm.
Para o pesquisador e coordenador do estudo Lincoln Alves: “Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961 e que irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, disse ele em nota à imprensa.
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